Sobre o Modelo de Avaliação Formativa (adaptado)
da
Academia d'Aix-Marseille (França).
No seguimento daquilo a que se chamou "pedagogia da interacção formativa", definiu-se um contexto onde se pratica uma relação constante e directa com o aluno, em que se espera que este tenha uma maior responsabilidade no processo interactivo do que nos processos pedagógicos em que a aprendizagem é controlada e orientada exclusivamente pelo professor.
Ora, uma das formas mais elaboradas da avaliação formativa é a que nos propõe um grupo de investigadores da academia em epígrafe, que a denominou de "avaliação formadora". O foco central desta versão de avaliação formativa é visualizar todo o processo de ensino-aprendizagem para tentar articular as fases da aprendizagem em função da respectiva eficácia pedagógica. E o desvio terminológico (formativa para formadora) tem a ver com o propósito de centralizar a perspectiva do processo ensino-aprendizagem na "regulação assegurada pelo próprio aluno", o que a distingue da 'formativa', "cuja regulação respeita, sobretudo, as estratégicas pedagógicas do professor".
Nestes termos, a avaliação não é, simplesmente um instrumento de controlo, mas um instrumento de formação, de que o aluno disponha para atingir os seus objrctivos pessoais, e construir o seu próprio percurso de aprendizagem.
Trata-se, simultaneamente, de induzir um comportamento eficaz, no plano prático, dando ao aluno a oportunnidade de escolher os passos necessários, e de favorecer a conscialização dos mecanismos implicados no próprio processo de aprendizagem. (1)
Os principais objectivos visados pela perspectiva de avaliação formadora defendidos por esta equipa de investigadores são os seguintes:
a) apropriação, pelos alunos, dos objectivos e critérios dos professores, o que leva à formação de uma ideia concreta dos fins a atingir e cria condições para a auto-avaliação;
b) domínio, por parte de quem aprende, dos processos de planificação prévios e de orientação da acção;
c) a gestão dos erros,no quadro da auto-correcção;
A regulação torna-se então, essencialmente, obra do aluno.
Sem nunca pôr em causa a concepção do modelo, o Professor desta Disciplina vai adaptá-lo através da implementação de três fases fundamentais, as quais implicam o constante acompanhamento, por parte do aluno, dos trabalhos lectivos que são já do seu domínio:
1º- Dar um 'feed-back' ao professor sobre o acompanhamento que o aluno tem feito dos trabalhos até um dado momento já realizados. Esta fase é tão importante quanto será a necessidade de com os dados assim obtidos pelo professor constituirem a base do que virá a ser a intervenção e os instrumentos de trabalhos julgados necesários para se proceder aos ajustamentos pertinentes a efectuar junto dos alunos (individualização de processos, tanto quanto posível);
2º- Formulação de um conjunto de itens programáticos julgados representativos dos conteúdos leccionados, dando-se deles conhecimento aos alunos, para os submeter a uma primeira avaliação, eminentemente formadora, mais que avaliadora. Como é evidente, o sucesso desta fase depende, fortemente, dos dados obtidos na primeira fase do processo;
3º- Intervenção, predominantemente, dos alunos (sobretudo aqueles julgados mais necessitados de intervir, podendo ainda, como qualquer outro, auto-corrigir-se naquilo que já produziu).
Só após este trifaseamento o professor pode perspectivar, concretamente, as características das acções pedagógicas mais pertinentes para a turma. Quer-se, com isto, corrrespsonder à definição dada por aqueles investigadores quanto ao que deve ser uma verdadeira avaliação formativa.
O Professor
J Rodrigo Coelho
Escola Secundária Alcaides de Faria
(1) Texto elaborado a partir de uma adaptação de ABRECHT, Roland, A avaliação Formativa, Edições ASA, rio Tinto, 1994, pp. 48-53.